Apesar de eu ter um gosto especial pela escrita, é sempre complicado expressar por palavras sentimentos tão profundos como o amor que sinto pelo meu pai.
Ainda em criança percebi que o amor tinha diferentes significados consoante a pessoa a quem era direccionado. O sentimento variava em intensidade e forma consoante fossem os pais, irmãos, colegas de escola, vizinhos ou professores.
Mas uma coisa é certa, ninguém conseguia alcançar o patamar daquele Homem que durante a minha infância e adolescência acordava para trabalhar ainda o sol não tinha aparecido; que impunha regras com muito respeito e sabedoria; que nunca levantou a mão para me dar uma palmada; que era carinhoso e sempre muito brincalhão; que andava de mãos dadas comigo na rua em passos maiores do que as minhas pequenas pernas pudessem acompanhar; que nas noites que eu adormecia no sofá, me levava aos braços para a minha cama e aconchegava-me o cobertor; que numa das viagens que fez, trouxe-me o mais belo dos vestidos que uma criança naquela idade podia desejar (estava perfeitamente dobrado dentro de uma caixa); que controlava o meu boletim da escola; que muitas vezes me levou às urgências do hospital onde mesmo preocupado conseguia conter as lágrimas e me fazer festas na testa enquanto aguardávamos pelo médico; que nos dias dos meus aniversários (na meninice), me levava para o trabalho dele (era o máximo); que nestes dias especiais, comprava-me um sumo de laranja natural e um pastel de queijo; que me acordava e preparava o café da manhã enquanto eu me arranjava para ir para a escola e ficava do meu lado para confirmar que eu comia o que ele tinha previamente separado (o iogurte de mel era delicioso); que me dava uma mesada menor que a do meu irmão e eu achava uma injustiça; que me ia buscar à discoteca de madrugada vestido de pijama (dentro do carro, claro!), preocupado para que nada de mal me acontecesse; que adorava as minhas amizades e fazia delas pessoas de casa; que levava todas as cartas que eu escrevia para o correio (muitas...); que me deixava estar ao seu lado a observar enquanto amanhava o peixe ou tratava da galinha para os nossos almoços de domingo; que me dava a provar a comida que cozinhava; que reservava sempre a coxinha do frango para mim; que me incentivava e apoiava; que até hoje não é capaz de falar comigo sem dizer literalmente que me ama e que tem saudades...Enfim, podia continuar a escrever uma vida inteira de memórias que estão vivas dentro de mim e que fazem deste sentimento, um amor simplesmente incondicional.
Neste dia especial, para além de tudo o que já escrevi, quero que saiba o quanto o admiro como pessoa. Consigo aprendi a não desistir, a andar de cabeça erguida e a ter orgulho do caminho que tenho estado a percorrer. Obrigada por me ter ajudado a ser como eu sou!
FELIZ DIA DOS PAIS
´Parabens Rô, esta tudo lindo, o teu gosto pela decoração na gastronomia, o jeito que tens para confecionares os alimentos e mais desconhecia a tua veia para a escrita.Não pares continua
ResponderEliminarBeijocas
Ana Paula
Obrigada:)
ResponderEliminarMeu avô não conteve as lágrimas, e está aqui ao lado a chorar feito criança. Só está agradecendo as palavras da filha que disse nunca ter lhe dado dor de cabeça. Disse que morre de saudades e ainda aguarda uma visita sua antes de morrer e que lhe traga as netas que ele AINDA não teve nos braços para que possa abraça-las... sente a sua falta e a ama muito. Ah ainda lembrou que quando vê os pratos que você prepara aí nas fotos ele fica com vontade de experimentar, como a foto que publicou outro dia de um coelho que preparou... mande um pedacinho para ele da proxima vez, ok?:) Beijos da sobrinha... Bárbara
ResponderEliminarOlá Rosângela,
ResponderEliminarBeijinhos. Aqui pelo Estoril vou acompanhando o teu blog. Gostei particularmente deste texto.
Mãe Natal:)
Olá Mãe Natal! Tenho muito gosto que venhas espreitar meu blogue...Saudades e até breve.
ResponderEliminarRô
Pai,
ResponderEliminarAcabei de saber o resultado da sua biópsia e só lhe quero dizer rezarei todos os dias para que tudo corra bem.Não se deixe ir abaixo, por favor e tenha fé.Vou escrever cada vez mais no blogue para lhe servir de distração pois sei que gosta de vir espreitar.
Beijos de muito amor e carinho.