10/02/2015

Quando nasceste eu ainda era uma criança

Prometi no dia dos teus anos que te ia escrever um post. Em verdade sinto necessidade de exprimir algumas palavras sobre a nossa relação (sim porque nós tivemos uma grande relação). Lamentavelmente fiquei doente, muito doente e só agora me sinto em condições de te dedicar este post.
Vivi a gravidez da tua mãe de perto e julgo que nem mesmo ela, conseguia imaginar aquilo que eu pensava ao ver que dentro daquela barriga estava a crescer uma criança. Como sabes, lá em casa nunca houve abertura para falar de alguns assuntos e determinados temas (para não dizer quase todos), eram verdadeiros tabus. Não me lembro exactamente como encaixei na minha ingenuidade de menina, a tua concepção mas a verdade é que já existias. Na verdade, não foste uma opção daquele género, vamos lá ver se esta gravidez vai até ao fim ou se vai ser interrompida. Tenho a certeza, daquilo que me lembro, que a tua mãe nunca chegou a colocar outra opção senão, ter-te ao lado dela desse para o que desse. E assim foi... 
Eu tenho de confessar que senti um misto daquilo que para mim era um verdadeiro desconhecimento, com a realidade que em breve irias fazer parte do clã Alvarenga. 
Pede a tua mãe que te conte o que aconteceu quando as águas arrebentaram, no dia que nasceste.
Não sei se alguém teve a oportunidade de te dizer, epsis verbis, até à data de hoje, que o teu nascimento foi uma bênção. É verdade que uma criança trás muitas alegrias e no teu caso, trouxeste uma lufada de vida ao nosso clã.
Eu tive ciúmes de ti, muitos ciúmes, inexplicáveis ciúmes...Ao mesmo tempo que trouxeste muitas alegrias à família, trouxeste-me muitas dúvidas existenciais.
Naquela altura tudo era tão difícil para mim e eu enquadrava a realidade que muitas vezes, era eu quem tinha de tomar conta de ti. Matava-me a estudar e não tinha as notas que eu merecia ter, não tinha as roupas que as minhas colegas tinham, não tinha os brinquedos da moda, não tinha um quarto só para mim e quanto ao amor da família, era tudo tão complicado de perceber...Eu era uma adolescente típica, numa família tão conservadora que até metia medo ao susto. Eu estava perdida e só via em ti, alguém que tinha chegado para tirar as atenções daquele que eu mais amava na vida. Só muito mais tarde consegui entender que o coração de um pai como o meu (teu avô), tem um tamanho infinito. 
Salvei-te a vida uma vez e se eu não tivesse conseguido te tirar aquela porcaria da garganta, nem sei o que seria de mim, o que seria de nós. Tinhas de estar ao nosso lado...num instinto de momento, enfiei os meus dedos na tua garganta e tirei de lá algo que por descuido, numa brincadeira, tinhas engolido e ficou entravado sem perspectivas de sair naturalmente. Magoei-te a sério mas o resultado foi o melhor que nos podia ter acontecido...voltaste a respirar.
Ainda eras uma criança quando fui ao encontro do meu amor e desde esta altura, deixamos de conviver contudo, apesar de não termos convivido durante todos estes anos quero que saibas, ocupas um lugar especial no meu coração.
Um beijinho especial para ti Bárbara Caroline e muitas felicidades!

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma mensagem por dia, é uma alegria!