Começamos muito bem...
Se alguém me questionasse a razão pela qual eu
casei tão cedo, começava por responder que foi por vontade própria e obviamente, porque Ele era o tal.
Na altura da nossa decisão, existiam circunstâncias
muito específicas que nos levaram a decidir mais rapidamente sobre o casamento
e, não, eu não estava grávida.
Ele, pediu-me em casamento de uma forma natural e espontânea num local público e com movimento. E sabem que mais? tinha de ser ali naquele instante, caso
contrário, não fazia nenhum sentido. Durante alguns segundos hesitei em perceber
que aquele momento estava mesmo a acontecer e mesmo não tendo sido como nos filmes
de hollywood, em que o tipo se coloca de joelhos ou esconde um anel de noivado com milhentos quilates numa sobremesa qualquer, eu tive direito ao “meu pedido de casamento”,
único na sua forma e conteúdo.
Quando casámos eu tinha 19 e ele 23 anos. Foi loucura,
dirão muitos mas a esta distância sinto-me privilegiada em já ter vivido mais de ¼
de século ao lado d'Ele. São 26 anos, sem contar os de namoro.
Com Ele, vivi bons e maus momentos, muitas
superações, alegrias e orgulhos, vimos o tempo passar à nossa frente quase sem perceber, os primeiros cabelos brancos e todos os outros que se seguiram, as filhas que entretanto já são umas mulheres, os amigos que ficaram e os outros que passaram, deixando o melhor deles em nós.
Passámos das cartas (lindas diga-se de passagem) para o telefone, o bip, computador, telemóvel, internet e ultimamente, para os novos apps tecnológicos como o Instagram, facebook, whatsapp e, venha lá o que vier, cá estaremos!
Passámos das viagens com o mapa à frente (uma grande loucura dentro do carro - chatices à sério) em que eu, completamente perdida, não conseguia dar uma informação certa, à geração do GPS (muito low profile).
Estas foram apenas algumas das cumplicidades reais de uma vida, verdadeiramente vivida em família...somos nós desde 1989.
Costumo brincar com Ele e digo que quando chegar o momento da nossa partida deste hemisfério terreno, que as nossas filhas vão juntar as nossas cinzas. Ele diz que nem pensar...assume em tom muito sério que se existir uma próxima vida, tem de haver algum esforço para nos encontrarmos, a coisa não pode ser facilitada.
Adoro a alusão que Ele faz ao hipotético cenário...é que o nosso 1.º encontro foi assim, a cena menos previsível do mundo...
O presente de casamento deste ano, a grande surpresa e em grande estilo, foi-me oferecida por Ele antes do dia mas, só poderei usar amanhã!