10/01/2014

Mamografia desajeitada

A última vez que fui fazer este exame, estava tão nervosa como sempre estou nas mamografias. É a aquela sensação de que antes de entrar na sala está tudo bem e no momento seguinte, o mundo pode desabar. Angústias à parte, a experiência foi algo do outro mundo.
Depois de estar hora e meia na sala de espera em que única televisão existente, estava a passar o cortejo fúnebre do Eusébio, ainda tive de ouvir as conversas ao telemóvel de uma suposta "tia de Cascais" que falava como se estivesse em sua casa. Haja paciência e, naquele dia, eu tenha de manter a calma. As tantas, quando me preparava para ir ao balcão perguntar a razão do atraso, eis que aparece uma técnica de pasta na mão e, sem erro de fonética, chama o meu nome. Ufa, depois de tanto tempo à espera, ouvir o meu nome ser chamado como deve ser, parecia um bom presságio e música para os meus ouvidos. Indicou-me o quarto (cubículo claustrofóbico), disse para me despir completamente da cintura para cima, colocar a bata descartável e entrar de seguida na sala de exame. antes de sair pediu-me os exames de anos anteriores, alertou-me para não esquecer de trancar a porta e levar a chave comigo. Enquanto o exame durasse, aquele cubículo ia ser só meu. 
Entro na sala para iniciar o exame e a técnica pede-me para despir a bata e me aproximar da máquina de mamografia. Antes da dar início ao exame ela pede-me para vestir novamente a bata e voltar para o meu cubículo claustrofóbico. Tenho de aguardar fechada naquele espaço diminuto, uma nova oportunidade.
Passados dois ou três minutos, regressa ao cubículo e chama-me para finalmente dar início ao exame.
Começa o filme que não resisto em partilhar:
Diz-me a técnica:
- Primeiro vamos fazer frontal
Agarra-me literalmente na mama direita, escarrapacha com ela naquela base fria e dá início as indicações pormenorizadas para a mamografia ficar na perfeição. 
- Agora vai olhar para cima...coloque as mãos nesta posição...arraste os pés até chegar aqui...descontrai...assim está bem.
Entretanto, dá início à espalmação da mamoca, como todas as mulheres que já fizeram este exame sabem. Depois de bem espalmadinha ela diz-me:
- Agora segura a outra mama e puxa-a assim para o outro lado. 
Do nada e sem aviso prévio, sai a correr para aquela área onde se aperta o botão da "fotografia" e enquanto corria disse simplesmente: 
- não respira. 
Poças, não sei se estão a ver o filme. Eu fiquei quase roxa e o tempo passou a ser uma eternidade. Finalmente aquela alminha disse:
- Pode respirar
Daí para frente, fiquei mais atenta ao momento certo para poder ou não respirar.
A melhor parte deste filme foi fazer as laterais. Dos dois lados a situação foi exactamente igual. Fui posicionada com todos os pormenores possíveis mas a coisa não devia estar a correr muito bem. A técnica estava sempre a me dizer a mesma coisa: 
- descontrai coloca aqui a mão em cima e chega o quadril mais para trás...assim tá ver, pernas para à frente e quadris para trás. 
Como a coisa estava muito difícil ela perguntou a razão de eu não conseguir descontrair; então, eu não resisti e tive de responder: 
- Das duas uma, ou faço o exame assim, ou então descontraio e caio literalmente ao chão. 
- Cai? Respondeu-me ela. 
- Sim caio. Não sei se reparou, mas para além da posição que me encontro, ter a mama espalmada até dizer chega e não poder respirar, não me dá outra hipótese senão ir parar ao chão.
A última coisa que ouvi enquanto ela corria para tirar a "foto" foi...
- não respira.....................pode respirar.

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